Login via

NÓS novel Chapter 44

Manuela.

Mais um dia de luta.

Eram nove horas da manhã, faltava poucos minutos para bater o segundo sinal e sermos liberamos para o intervalo. A aula era de Literatura, parecia a eternidade, eu já tinha dormido umas três vezes e acordado e nada que acabava.

Era incrível como a aula de exatas me deixava completamente elétrica e a de humanas me deixava completamente lerda.

— Amiga, você está com um cara péssima — Lya sussurrou.

— Eu sei — bocejei — Cara de sono, eu estou morrendo.

— Eu iria dizer cara de mãe mas já que você insiste — dei o dedo médio e ela riu.

O sinal bateu e nós saímos da sala rumo ao pátio. Encontramos Pedro e Gusta no meio do trajeto, ocupamos um banco todo e ficamos conversando sobre as provas que seriam, infelizmente, já não próxima semana.

— A tortura irá começar — Natália enfiou um biscoito na boca e rolou os olhos.

— Essa semana nós temos que fazer amizades com os nerds pra na hora da prova garantir o dez — Lya disse rindo.

— Que horror — franzi a testa.

— Quem divide multiplica, piranha — dei um tapa em seu braço.

— Você tá muito pilantra, Lya — Gusta balançou a cabeça negativamente — adorei a ideia.

— Sou visionária, baby — mandou um beijo no ar.

Hoje o tempo não estava nem frio e nem calor, eu estava quase morrendo de casaco mas usar um moletom cobria total minha barriga e por ser largo, escondia bem já que a mesma estava pontudinha.

Sabia que uma hora ou outra todo mundo iria saber, que a barriga não ia ficar pequena pra sempre mas esse momento não precisava ser agora.

Quanto menos meu nome ficasse na boca desse povo da escola, melhor.

A discussão de ontem com Diego não saia da minha cabeça, toda hora batia flashes e flashes. Eu não conseguia parar de pensar no que ele disse para mim, as palavras passavam na minha cabeça e por mais que eu tentasse, eu não conseguia esquecer.

Não dava a mínima para o que ele dizia ou achava mas isso insistia em martelar na minha cabeça.

Ficamos conversando como de costume até o intervalo acabar e voltarmos para a sala. A próxima aula seria de Matemática, eu estava tentando dar o meu melhor no colégio mesmo que as vezes o esforço fosse em vão, eu ainda tinha uma meta a ser cumprida e não podia me esquecer disso.

...

As aulas passaram bem rápido, depois da de Matemática tive mais dois tempos de Português e fomos liberados.

— Vocês são insuportáveis com isso — Lya rolou os olhos.

— Ah para, vocês fazem um casal bonitinho — disse rindo.

— Tá na minha hora, vocês são chatos demais — Pedro se despediu de nós com um toque.

— Não aguenta a pressão — Gusta balançou a cabeça negativamente — Será que é paixão?

— Tá na minha hora também — Lya se levantou e colocou uma alça da mochila no ombro.

Eu, Gusta e Natália olhamos para os dois com os olhos serrados e com um sorrisinho no rosto. O jeito que eles não sabiam disfarçar era diferente.

— Só Deus sabe o que vai rolar nesse trajeto — Natália riu.

— Nem Deus quer saber — me deram o dedo médio e eu mandei um beijo no ar.

— Vocês sabem que nós moramos em direções opostas, né? — arqueou a sobrancelha.

— Uhum, sabemos — Gusta fez bico.

Os dois foram embora e eu ainda fiquei um tempo com Gusta e Naty no colégio. Quando deu uma e dez eu me despedi dos dois pombinhos e caminhei até o ponto de ônibus. O caminho todo fui escutando música, cheguei no prédio de Diego quase meia hora depois por causa do trânsito e como o porteiro já me conhecia, eu entrava direto sem ter que apertar o interfone.

Como não tinha chave Diego deixava a porta destrancada, quando entrei dei de cara com o mesmo sentado no sofá com o notebook sobre o corpo.

— Boa tarde — disse ríspida após passar pelo mesmo em direção ao quarto.

Entrei no quarto, joguei a mochila no chão e fui para o banheiro tomar um banho. Sai do mesmo com uma toalha enrolada no corpo, cacei uma roupa confortável na minha mala e me dei conta de que eu precisava urgentemente pegar o resto das minhas roupas em casa.

Como hoje eu não teria nada melhor e importante para fazer decidi passar a tarde toda estudando, aproveitar pra colocar algumas matérias em dia. Antes de começar peguei meu celular para responder algumas mensagens que havia recebido.

Mensagem on:

Gusta

Chegou em casa bem ou se perdeu no caminho, Pedro?

Natália

Sem querer foi parar na casa da Lya haha

Lya Vaca

Alguém já disse pra vocês que vocês são insuportáveis?

Gusta

Sim

Eu

Cuidado, pedro!!! Lya pode abusar da sua boa vontade.

Pedro

off.

Respondi algumas outras, uma delas era de Caio, havia uns dias que ele tentava puxar assunto mas por eu estar tão atordoada, acabava as vezes não respondendo o mesmo. Deixei meu celular de lado e peguei meu material o colocando sobre a cama.

A tarde seria longa.

...

Lá para as seis da noite eu acabei com os estudos, guardei tudo fui para a cozinha, aliás, eu não tinha comido nada durante o dia e as vezes esquecia que agora eu comia por dois. Diego não estava em casa, a porta do seu quarto estava aberta e a luz apagada, provavelmente teria saído.

Tinha sobrado comida do almoço, esquentei a mesma no microondas e sentei no sofá ligando a televisão para jantar. Parecia que eu não comia a meses, porque quanto mais eu comia mais fome me dava.

O dragão dentro de mim agradecia.

Assim que terminei lavei o que tinha sujado, voltei para o sofá e coloquei um filme para eu assistir. Eu praticamente não prestei atenção no mesmo, minha cabeça estava longe, eu pensava em milhares e milhares de coisas.

Era como se a ficha de que minha vida tinha mudado ainda não tivesse caído.

Eu sentia falta de casa, sentia falta do Gabriel, dos meninos, de tudo. Sentia falta de não ter que me preocupar com o amanhã e de não ter que pensar tanto no futuro, de não se preocupar tanto com ele. Eu estava decidida de arca cem porcento com as consequências dos meus atos mas era difícil digerir tudo isso.

Estava sendo difícil para mim.

Comments

The readers' comments on the novel: NÓS