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NÓS novel Chapter 54

Manuela.

Hoje o dia estava lindo, o céu azulzinho com as nuvens branquinhas. Domingou, estava no tédio em casa, sem nada pra fazer e infelizmente com as malditas palavras de Diego na mente.

Acho que desde quando ele falou eu não tirei da cabeça, não havia entendido o que ele quis dizer, se era o que eu estava pensando ou não. Ontem nós não tocamos mais no assunto, ele foi embora com os meninos e ficou por isso mesmo, não fiz muita questão.

Eu estava longe de querer entender Diego.

Tinha chamado Caio para vir pra cá hoje depois de ter enrolado ele a semana toda por estar sem clima, nosso lance era bom, eu gostava de estar com ele mas esse semana eu estava sem clima nenhum e sem vontade nenhuma.

Fiz um macarrão ao molho branco pra mim no almoço com o auxílio da receita na internet e tinha ficado uma delícia, aos poucos eu ia me descobrindo na cozinha e parando de queimar 99% das coisas que eu fazia. Fique vendo desenho a tarde inteira fazendo carinho na barriga, conversei no grupo do colégio e mexi em outras redes sociais. Decidi postar uma foto que eu tinha tirado hoje mais cedo no Instagram, fazia tempos que eu não postava nada.

E a auto-estima hoje estava colaborando para isso.

Quando deu seis da noite fui tomar um banho, vesti uma short jeans cintura baixa, uma blusa de manga da Holister rosa e deixei meu cabelo solto. Caio estava vindo, passei hidratante e perfume e fiquei o esperando na sala mexendo no telefone. Depois de meia hora ele chegou, abri o portão para o mesmo e nem falamos nada, ele já chegou me beijando e eu retribui o beijo.

Que homem cheiroso e gostoso da porra.

— Saudades, loirinha — riu de lado após terminar o beijo com dois selinhos.

— Também estava — sorri — Vem, entra.

Nós entramos, ele se sentou no sofá na sala e eu fui pegar água pra ele.

— Então agora você mora sozinha? — perguntou após eu voltar pra sala e entregar o copo d'água.

— É — me joguei no sofá — moro só agora — suspirei.

Nós conversamos um pouco antes de começar a pegação, no sofá mesmo sem restrições. Ele me beijava com vontade, alisava e apertava minha coxa, tinha tudo pra mim perder o juízo e sentar neste homem mas Diego não saia da minha cabeça, as palavras dele não saiam da minha cabeça.

Eu tentava pensar em outra coisa, aproveitar o momento mas era um esforço em vão, Diego não saia da minha cabeça. Eu não estava me entendendo.

— Vou fazer alguma coisa pra gente comer — parei o beijo, levantei rápido do sofá e fui direto pra cozinha.

Não esperei ele responder, apoiei as duas mãos na pia e abaixei a cabeça. Eu estava ofegante, tentando entender o que estava acontecendo comigo e porque eu estava pensando tanto em Diego.

— Fiz algo de errado? — Caio apareceu na cozinha com um semblante sério.

— Na-não — gaguejei — Está tudo bem — me aproximei e entrelaçei meus braços em volta do seu pescoço selando nossos lábios.

Não estava nada bem.

Caio insistiu para que ele me ajudasse na cozinha, acabei cedendo mesmo querendo ficar um tempo a sós e nós fizemos lasanha. Nós jantamos juntos vendo filme de comédia, Caio que tinha colocado e eu estava rindo horrores com o mesmo. Insisti para que eu lavasse a louça, quando estava secando a campainha tocou e Caio se ofereceu para atender, meu coração gelou quando eu ouvi a voz vindo do portão.

— Desculpas atrapalhar, não sabia que estava com visitas — Diego disse sério me olhando.

Ele estava parado na porta vestindo uma bermuda jeans clara, uma blusa vermelha de basquete e com as mãos no bolso. Eu não sabia o que falar, olhava para Caio e Diego tentando formular uma reposta mas se eu estava nervosa antes, agora eu estava mais.

Mestre eu preciso tanto de um milagre.

— Não quis incomodar, só vim saber como estava o bebê — coçou a garganta.

— Bebê? — Caio franziu a testa — Eu estou atrapalhando algo? Se quiser eu vou emb..

— Não — Diego disse ríspido sem tirar os olhos de mim — Manuela já deve ter te contado sobre, não é?

— Sobre o que? — Caio olhou para mim — do que ele está falando, Manu?

Meus olhos se encheram de lágrimas, não queria ter envolvido Caio nisso tudo e por que caralho Diego tinha que abrir a boca e estragar tudo?

— E-eu..— gaguejei — eu tô grávida — engoli a seco.

Caio me olhou incrédulo, ele não tinha acreditado no que tinha acabado de ouvir e isso me partia o coração. Diego me olhava com o semblante fechado, com o maxilar marcado e toda aquela cara de quem estava morrendo de raiva por dentro. Uma lágrima escorreu, eu limpei rápido e olhei pra Caio, que ainda estava sem entender nada.

Ele pegou suas chaves na mesinha de centro e saiu sem dizer nada. Corri atrás dele, o segurei pela mão e nesse momento não duvidaria que teria os fofoqueiros de plantão na janela vendo toda essa cena melodramática.

— Deixa eu te explicar — ele deu três passos pra trás e balançou a cabeça negativamente — não é nada disso que você está pensando, eu e Diego não temos nada.

— Você está grávida dele, como pode dizer que vocês não tem nada? — me olhou com os olhos brilhando.

— É uma longa história, deixa eu te explicar — pedi.

— Seja lá o que vocês forem, eu não quero saber — enxugou as lágrimas — se cuida, Manuela e parabéns pelo bebê.

Caio andou até seu carro em passos largos, entrou no mesmo e arrancou com tudo. Voltei pra casa enxugando as lágrimas, mais uma pessoa magoada por causa da bagunça da minha vida tinha se tornado. Fechei o portão, Diego estava no mesmo lugar, me olhou e não disse nada. Por que ele tinha que vir aqui hoje?

— Vai embora, Diego — apontei para ao portão fungando — eu não sei o que você veio fazer aqui hoje, mas por favor vai embora — desabei — me deixa em paz — disse entre soluços.

Ele parou na minha frente, olhou no fundo dos meus olhos, olhou para lado e assentiu saindo, me deixando só. Eu me tranquei no quarto, chorei rios, chorei de soluçar, até dormir.

Eram dias como este que me faziam querer que nada disso tivesse acontecido.

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